- O mundo das drogas não tem dois caminhos... Só um... A morte.
A frase de Dona Edvalda é alarmante. Realista. Por sorte, não enquadra o
filho Wesley. O hoje meia do Fortaleza está são e salvo. Dentro e fora
de campo, no entanto, carrega as lembranças do passado recente difícil.
Já foi preso. O atleta, de 21 anos, ganhou em 2018 uma nova chance com o
técnico Rogério Ceni e vem se destacando. Desde 16, está no Pici,
começando nas categorias de base do clube, justamente no CT Ribamar
Bezerra, onde o time profissional treina atualmente.
- Aqui é minha segunda casa, não só porque os treinos são aqui. Mas,
pelo Fortaleza, que me acompanha desde 2012, me dá oportunidade, uma
nova chance de vida - confessa Wesley.
Em 2015, por estar presente em uma cena de crime, Wesley foi preso.
Presenciou um homicídio, mas foi levado junto para a cela com o homem
considerado culpado. Precisou fazer o exame de parafina, exame de
resíduo de disparos, para ser considerado inocente. Dormiu no chão, com
dois lençóis como cama, e fez de uma garrafa de dois litros, cheia de
água, o travesseiro. Ele traz na memória.
- Eu bati com um rapaz, a gente foi subir na rua. Ele falou que tinha
um cara querendo tomar a "bocada" (referência às drogas) dele. Eu subi a
rua, ele veio atrás. De repente, ele bate com o cara. Disparos de seis
tiros. Eu corri, ele correu atrás. Quando dobramos, tinha um Ronda do
Quarteirão (Polícia, no Ceará). A gente botou as mãos na cabeça, eles
deram voz de prisão - rememora.
Foi considerado inocente pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) em
dezembro de 2015. Quando preso, viu jogo do Fortaleza e queria retornar
aos gramados. Nunca, nem em sonho, pensou em trabalhar com Rogério Ceni,
ex-goleiro do São Paulo e hoje técnico do Leão. Mas o improvável
aconteceu.
Estou tendo boa oportunidade com ele (Rogério Ceni). O que ele vem me
pedindo, eu venho fazendo dentro de campo. Fico muito grato a ele -
afirma Wesley.
Para chegar aos treinos, o meia já precisou de ajuda da mãe e da avó.
Elas, inclusive, chegavam a economizar na comida para investir nas
passagens do ônibus. E, quando não havia recurso, pediam emprestado a
terceiros. Hoje, o garoto é uma das apostas no time do Tricolor no
estadual e para a Série B do Brasileiro.
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